PORQUE EU SOU UM PROVIDENCIALISTA? Um testemunho Escriturístico, Confessional e Histórico - Prof. Edu Marques
Porque eu sou um Providencialista?
O providencialismo é a crença de que Deus é o verdadeiro protagonista e sujeito da história, e por isso tudo deve ser atribuído à providência divina. O homem é apenas seu objeto, um instrumento nas mãos de Deus. Este teria criado a ordem social e posicionado cada indivíduo em seu devido lugar. Foi uma forma de interpretação de mudanças naturais, políticas e sociais advinda de um período em que religioso e secular não eram claramente divididos.
A diferença entre o providencialismo e o cessacionismo está no conceito de Dom. Para o providencialista não existe a ideia, nem bíblica, nem hoje, de que há um dom de cura que fosse usado a qualquer momento. O dom de cura sempre foi temporário, pois era uma graça que Deus concedia no momento da cura. Esse dom, nunca cessou, mas Deus opera em quem quiser, quando quiser. Já o dom de línguas ininteligíveis nunca existiu, mas existe hoje, ainda, o dom de idiomas.
O Providencialista, também acredita que embora a revelação especial cessou (revelação verbal histórica-redentiva) ou seja, Deus não revela mais os fundamentos do cristianismo, essa revelação está contida nas Escrituras, isso não implica em uma cessação revelacional de Deus para edificação da Igreja. Ou seja, Deus continua se revelando ao povo não de forma fundacional mas de forma de edificação, quando ele assim desejar.
O Segundo Livro de Disciplina, ratificado pela Igreja da Escócia em 1578, contém a seguinte declaração, a respeito dos oficiais extraordinários da Igreja:
“Algumas dessas funções eclesiásticas são ordinárias, e algumas são extraordinárias ou temporárias. Existem três funções extraordinárias: o ofício do apóstolo, do evangelista, e o de profeta, que não são perpétuos, e agora cessaram na Igreja Nacional da Escócia, ‘exceto’ quando Deus extraordinariamente se agradar em os persuadir novamente por um tempo. Existem quatro funções ordinárias ou ofícios na Igreja Nacional da Escócia: o ofício de pastor, ministro ou bispo; o doutor; o presbítero ou ancião; e o diácono.”
(The First and Second Books of Discipline, Dallas: Presbyterian Publications, 1993; Second Book of Discipline, Chapter 2, Of the Parts of the Policy of the Kirk, and Persons or Office-Bearers to Whom the Administration Thereof is Committed, pp. 127-28, ênfases acrescentadas).
A Forma de Governo da Igreja Presbiteriana declara:
“Dos oficiais que Cristo designou para a edificação de sua igreja, e perfeição dos santos, alguns são extraordinários, como os apóstolos, evangelistas, e profetas, que já cessaram. Outros são regulares e perpétuos, como pastores, mestres, e outros líderes da igreja, e os diáconos.” (The Form of Presbyterial Church Government, in the Confession of Faith; the Larger and Shorter Catechisms, etc, Inverness: Publications Committe of the Free Presbyterian Church of Scotland, 1976; p. 398, ênfase acrescentada).
A Assembleia Geral da Igreja da Escócia, 10 de Fevereiro, 1645, Sessão 16, afirma que os Livros de Disciplina são uma parte de suporte na uniformidade pactual juramentada a ser respeitada na National and Solemn League and Covenant.
A Assembleia Geral sendo mais solícita e desejosa, não somente pelo estabelecimento e preservação da forma de Governo da Igreja da Escócia nesse reino segundo a Palavra de Deus, os livros de Disciplina, os Atos das Assembleias Gerais, e a Aliança Nacional, mas também pela uniformidade no Governo da Igreja da Escócia entre esses dois reinos, agora mais forte e diretamente unido pela última Liga Solene e Pacto… (The Acts of the General Assemblies of the Church of Scotland, 1638-1649 inclusive, p. 259, ênfase acrescentada).
Além disso, nosso Termos de Comunhão também nos permite afirmar tanto o Primeiro e Segundo Livros de Disciplina e a Forma de Governo da Igreja como autoritativo e concordante com a Palavra de Deus. O Termo de Comunhão nº 3 declara:
“Que o Governo da Igreja Presbiteriana e a forma de culto são sozinhos de direito divino e inalterável; e que o mais perfeito desses modelos já alcançado, é exposto na forma de Governo e no Diretório para o Culto, adotado pela Igreja da Escócia na Segunda Reforma.”
O Termo nº4 declara:
“Que o pacto público e social é uma ordem de Deus, obrigatório nas igrejas e nações debaixo do Novo Testamento; que o Pacto Nacional e a Liga Solene são uma exemplificação dessa instituição divina; e que esses Escritos são de contínua obrigação sobre a pessoa moral; e em conformidade a isso, que a Renovação desses Pactos em Auchensaugh, Escócia, 1712 foi de acordo com a Palavra de Deus.”
Todos estes documentos são citados para provar que nós devemos atentar-nos que (como parte de nosso pacto uniforme), “Essas são funções extraordinárias: o ofício de apóstolo, de evangelista, e de profeta, que não são perpétuos, e que agora cessaram na Igreja de Deus na Escócia, exceto quando ele (Deus) extraordinariamente se agradar em os persuadir novamente por um tempo.
JOHN KNOX CONTRA O HIPERCESSACIONISMO DOS PRESBITERIANOS MODERNOS
No capítulo 33 na página 303 do livro “Sobre a Predestinação”, John Knox traz uma resposta a um anabatista que acreditava na expiação universal e na iluminação do Espírito Santo como fonte de revelação e direção na vida do homem, em detrimento das Escrituras. Esse objetor anabatista insinua que o conhecimento em línguas originais e ao estudo teológico, pode até ser necessário, mas não é o bastante, pois esse conhecimento pode levar ao orgulho e ao erro. Ele acredita que a predestinação é um erro que foi originado pelo estudo teológico e que John Knox e outros reformadores deveriam abandonar e voltar ao estudo simples das Escrituras.
Argumentos de John Knox
- Rejeição da Supervalorização da Iluminação subjetiva: Knox critica a tendência de desprezar o aprendizado teológico e a importância das Escrituras, que deve ser a base para a revelação.
- Cessação dos Dons Canônicos: Ele afirma que as revelações canônicas, que eram confirmadas por milagres, cessaram e agora se encontram nas Escrituras Sagradas.
- Harmonia entre Palavra e Espírito: Knox não ignora os dons que Deus concede aos reformadores, mas enfatiza que a instrução deve vir da Palavra de Deus e do Espírito Santo, que agem em conjunto.
John Knox mostra que o objetor, e seu líder começaram a abandonar e a menosprezar o aprendizado, pois valorizavam a direção de seus ensinos pela iluminação do Espírito Santo como fonte canônica de revelação. Para eles, as Escrituras vinham em segundo plano. Note que o que John Knoz diz que cessou, foi exatamente isso, revelações canônicas (doutrinárias) que seriam esses dons visíveis e os milagres que confirmavam isso. Isso foi um fato no tempo dos apóstolos, ou seja, o que foi revelado dessa forma cessou e se encontra nas ESCRITURAS SAGRADAS nossa fonte única de fé e prática.
Agora o mais interessante, Knox diz não desprezar os dons que Deus tenha dado aos seus irmãos da Reforma, a instrução vem agora pela PALAVRA E ESPÍRITO, onde ambos caminham juntos. O posicionamento de Knox está em total acordo om o pensamento do Presbiterianismo Reformado, e principalmente com O Segundo Livro de Disciplina, ratificado pela Igreja da Escócia em 1578, contém a seguinte declaração, a respeito dos oficiais extraordinários da Igreja:
“No Novo Testamento e tempo do evangelho, ele [Cristo] usou o ministério de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, e doutores na administração da palavra; o presbítero para o bem-estar e administração da disciplina; o diaconato para os assuntos eclesiásticos. Algumas dessas funções eclesiásticas são ordinárias, e algumas são extraordinárias ou temporárias. Existem três funções extraordinárias: o ofício do apóstolo, do evangelista, e o de profeta, que não são perpétuos, e agora cessaram na Igreja Nacional da Escócia, ‘EXCETO’ QUANDO DEUS EXTRAORDINARIAMENTE SE AGRADAR EM OS PERSUADIR NOVAMENTE POR UM TEMPO. Existem quatro funções ordinárias ou ofícios na Igreja Nacional da Escócia: o ofício de pastor, ministro ou bispo; o doutor; o presbítero ou ancião; e o diácono. Esses ofícios são ordinários, e devem permanecer perpetuamente na Igreja Nacional da Escócia, se necessário para o governo e política da mesma, e não mais ofícios devem ser recebidos ou ocorridos na verdadeira Igreja Nacional da Escócia estabelecida de acordo com a sua palavra" (The First and Second Books of Discipline, Dallas: Presbyterian Publications, 1993; Second Book of Discipline, Chapter 2, Of the Parts of the Policy of the Kirk, and Persons or Office-Bearers to Whom the Administration Thereof is Committed, pp. 127-28, ênfases acrescentadas).
John Knox num sermão baseado no Livro do profeta Isaías diz:
“Não me atrevo a negar (para que, ao fazê-lo, não prejudique o doador), mas que Deus ME REVELOU SEGREDOS DESCONHECIDOS do mundo; e também, que ele fez da minha língua uma trombeta, para avisar reinos e nações; sim, CERTAS GRANDES REVELAÇÕES DE MUTAÇÕES E MUDANÇAS, quando tais coisas não eram temidas, nem ainda estavam aparecendo; uma parte da qual o mundo não pode negar (nunca seja tão cego) a ser cumprida, e o resto, infelizmente!”
Este sermão de Knox foi pregado em 19 de agosto de 1565, na Igreja de St Giles', onde Knox era ministro e é o único texto completo de um dos sermões de Knox que chegaram até nós. Foi impresso porque a Knox tinha sido dada uma proibição de pregação temporária por ter ofendido o rei Henrique (Lorde Darnley e marido de Maria, Rainha dos Escoceses) pelo uso pontual e comparação de Knox da história de Acabe e Jezabel. Para ler o sermão completo:
https://quod.lib.umich.edu/e/eebo/A04931.0001.001/1:3?rgn=div1;view=fulltext
E outra, tanto Samuel Rutherford e George Gillespie tratam John Knox como uma profeta extraordinário fora do comum. Embora Gillespie não irá “ousar dizer” que o dom extraordinário de profecia cessou com o fechamento do cânon da Escritura, note que ele acredita que ele ‘deve dizer’:
“Eu devo dizer isto, para a glória de Deus, existiram na igreja da Escócia, tanto no tempo de nossa primeira reforma, e após a reforma, tais homens extraordinários que eram mais que pastores e mestres ordinários, ATÉ SANTOS PROFETAS RECEBENDO REVELAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS DE DEUS, e profetizando diversas coisas desconhecidas e surpreendentes, que em conformidade vieram a ocorrer pontualmente, para a grande admiração de todos os que conheciam os detalhes. Tais foram o Sr. Wishart o mártir, SR. KNOX o reformador, também o Sr. John Welsh, Sr. John Davidson, Sr. Robert Bruce, Sr. Alexander Simpson, Sr. Fergusson, e outros. Levaria muito tempo fazer aqui uma narrativa de todos as informações, e muitas delas são estupendas, que para falar de algumas, pode parecer derrogar as demais, mas se Deus me der oportunidade, eu deverei considerar valer fazer uma compilação destas coisas.” (George Gillespie, Miscellany Questions, Vol. 2, Chapter 5, section 7, p.30).
E prosseguimos com a terceira categoria de Rutherford da revelação interna de alguns fatos peculiares a homens piedosos:
“Existe uma 3ª revelação de ALGUNS HOMENS EM PARTICULAR, QUE PRENUNCIARAM COISAS QUE VIRIAM A ACONTECER MESMO DEPOIS DO ENCERRAMENTO DO CÂNON DA PALAVRA, como John Huss, Wycliffe, Lutero que falaram sobre coisas que aconteceriam, e elas certamente sucederam. E, em nosso país, a Escócia, o Sr. George Wishart profetizou que o Cardeal Beaton não passaria vivo pelos portões do Castelo de St. Andrews, mas que ele sofreria uma morte vergonhosa, o que aconteceu. O SR. KNOX PROFETIZOU SOBRE O ENFORCAMENTO DO LORD DE GRANDE. O Sr. John Davidson profetizou, conhecido por muitos do reino, diversos santos e torturados pregadores na Inglaterra fizeram o mesmo.” (Samuel Rutherford, A Survey of Spiritual Antichrist, 1648, p.42)
A posição de Rutherford é clara o bastante. Ele francamente afirma que a revelação extraordinária ocorreu mesmo após o fechamento do cânon.
Resumindo, usar esse texto de John Knox para tentar defender que o cessacionismo moderno era o mesmo que o dele não se sustenta. Knox era sim um cessacionista, ele acreditava que dons e revelações canônicas cessaram e que esse conteúdo está inserido nas Escrituras, nossa única regra de fé e prática. Porém, Knox não negava que ainda Deus poderia revelar mistérios aos seus santos fiéis, sendo que esses mistérios não eram canônicos ou se enquadram do mesmo padrão das Escrituras. Podemos até sermos mais ousados, em dizer que John Knox faz uma distinção entre os dons reveladores de Deus e os que vêm através dos mistérios revelados a ele e aos santos fiéis da Reforma. Negando a possibilidade do primeiro, mas permitindo a existência do último.
Essa distinção faz dele um cessacionista no que diz respeito à revelação divina, mas um continuísta no que diz respeito à função contínua de revelações privadas. Observe que Knox, vai totalmente no oposto dos presbiterianos modernos que são hipercessacionistas, pois enganam que existe algum tipo de revelação privada, contrariando a posição de Knox e de demais presbiterianos confessionais da Segunda Reforma da Escócia de 1638.
SAMUEL RUTHERFORD CONTRA O HIPERCESSACIONISMO DOS PRESBITERIANOS MODERNOS
O teólogo de Westminster, Samuel Rutherfurd, em seu Tryal and Triumph of Faith (Londres: John Field, 1645), 315, expressa sua crença nisso: “Eu não lamento o significado e exalto as inspirações imediatas [isto é, do Espírito]; este último não nego em alguns casos…”
Samuel
Rutherford, em uma série de três sermões sobre o sonho de Jacó (Gênesis
28:10-15), interpretou os sonhos reveladores no Antigo Testamento como tipos de
graças espirituais no Novo.
Em seu segundo sermão, ele faz um comentário tipicamente cessacionista de que os modos anteriores eram algo evidente na história do Antigo Testamento quando Deus:
achou mui bom [comunicar] em sua infinita sabedoria por meio de inspirações imediatas, de aparições, de sonhos, e o Senhor fala a Moisés, cara a cara, assim como um homem faz a seu amigo, sendo aquele familiarizado com Moisés nos tempos em que essa história aconteceu.
Segundo Rutherford, esse registro antigo dos modos de revelação especial ainda tinha muito a ensinar à sua geração. Rutherford discerne um princípio nas Escrituras de que a graça de Deus está presente nos corações e mentes dos crentes durante o sono, porque de uma maneira que os ímpios não têm, o povo de Deus tem-nO em seus corações enquanto estão acordados:
às vezes será assim com você também durante a noite, pois a graça tem espaço no apetite sensível bem como no racional; portanto, se houver pouco de Deus durante o dia, não haverá nada dele no momento de dormir.
Assim, a congregação deve entender que a presença de Deus em um sonho fornece graça santificadora em vez de revelação.
Em outro lugar, em seu Survey of the Spirituall Antichrist (London: J.D. & R.I. for Andrew Crooks, 1648), 42-45, ele estabelece regras para discernir e usar tais profecias. Ele divide a revelação interior em quatro categorias:
“…Profecia, recebida por uma revelação imediata da verdade do evangelho e mistérios, como a que está em 1 Cor. 14, e o que era frequente nos tempos apostólicos, agora cessou; e não há tal dom nem ofício”
“No entanto, se tomarmos a profecia para a compreensão da mente de Deus, e para alcançar a boa familiaridade com os mistérios de Deus, por um modo mediato; sim, e que para além dos meios aplicados, ou ter um dom e capacidade para discernir estas coisas com pequenas dificuldades, e além do que alguns outros podem alcançar por qualquer esforço, nós concebemos, que neste sentido, profecia e profetas, pode ser dito que deve continuar na igreja; e tais Deus levantou no momento da reforma, homens singularmente dotados com um espírito profético, nesse sentido, o que pode ser o cumprimento disto profetizado neste capítulo”.
“(…) e desse tipo havia muitos na revitalização da luz do evangelho que, ao predizer eventos específicos, foram famosos, como a predição de John Huss, dentro de cem anos depois dele seguiu-se o irromper da reforma; tal, é provável, foi Jerônimo Savonarola, que foi queimado pelo Papa, não por predições de eventos falsos, como eles imputaram a ele, por meios ilícitos, mas por repreender fielmente seus erros, como ele é descrito por Philip de Cumius, e outros autores: muitos tais homens estavam nesta terra, como os Srs Wishart, Knox, Welch, Davidson, etc… e isso não pode ser por completo anulado; pois, embora Deus já fechou o Cânon da Escritura, Ele deve, ainda, ser contido em sua liberdade de se manifestar a Si mesmo, portanto, não há motivo convincente para negá-lo, especialmente quando a experiência muitas vezes provou o contrário nos homens mais piedosos.”…
James Durham – Commentary upon the Book of Revelation, Glasgow, 1788 edition.
GEORGE GILLESPIE, MINISTRO PRESBITERIANO SOBRE OS PROFETAS E AS PROFECIAS DEVEM CONTINUAR NA IGREJA
Há três opiniões sobre esses profetas mencionados pelo apóstolo:
1. Que eles não tiveram inspirações extraordinárias e imediatas do Espírito, nem ainda eram ministros comuns chamados para o ofício de Ensino, mas os membros da Igreja fora do ofício, tendo dons de interpretação das Escrituras, para a edificação, instrução e conforto da Igreja, e, portanto, são tomados para a pregação ou profecia de membros da Igreja que são bem dotados, não sendo Ministros nem pretendendo o Ministério.
2. Que esses Profetas eram oficiais da Igreja, e não são apenas mestres ou intérpretes comuns das Escrituras na Igreja: sem excluir os filhos dos profetas, ou examinados na sua assembleia para exercer seus dons na pregação em certas ocasiões e para crescimento de seus dons, ou do seu aumento, ainda não me lembro de nenhum lugar no Novo Testamento, onde os pastores comuns devem profetizar, exceto Apoc: 11.3 onde não obstante, a profecia é atribuída a eles em nenhum outro sentido, do que o trabalho de milagres.”
3. Que eram profetas extraordinários, imediatamente e extraordinariamente inspirados pelo Espírito Santo; e que sejam contados entre essas outras administrações que não deveriam continuar, por não serem comuns na Igreja [...] Conheço muitos escritores protestantes de muito boa erudição, que são da segunda opinião. Mas com todo o devido respeito: EU TENHO A TERCEIRA OPINIÃO DE QUE OS PROFETAS ERAM EXTRAORDINÁRIOS.
Havia outros profetas do mesmo tipo com Ágabo, pois corre o Texto, Atos 11. 27, 28b [...] A menos que entendamos que aqueles profetas que Cristo deu à Igreja, 1Cor.12.28. e o cap.14; Efes:4.11; terem sido extraordinariamente inspirados pelo Espírito Santo, então não poderemos provar nas Escrituras, que Cristo deu à Igreja do Novo Testamento, qualquer profeta extraordinário para prever as coisas vindouras. MAS É CERTO QUE CRISTO DEUS TAIS PROFETAS EXTRAORDINÁRIOS À IGREJA DO NOVO TESTAMENTO, COMO ÁGABO E AS FILHAS DE FILIPE.
Eusébio nos diz que HAVIA TAIS PROFETAS NA IGREJA EM SEU TEMPO, ATÉ NOS DIAS DE JUSTINO MÁRTIR; que nós também temos do próprio Justino.
E agora tendo a ocasião, devo dizer isso para a glória de Deus, que havia na Igreja da Escócia, ambos no tempo de nossa primeira Reforma e, depois dessa Reforma, homens tão extraordinários, que eram mais do que Pastores e Mestres comuns, profetas consagrados RECEBENDO REVELAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS DE DEUS e pregando diversas coisas estranhas e notáveis, que, portanto, VIERAM ACONTECER PONTUALMENTE, para a grande admiração de todos os que conheciam os detalhes, como o Sr. Wishart, o Mártir, o Sr. Knox, o Reformador; também o Sr. John Welsh, o Sr. John Davidson, o Sr. Robert Bruce, o Sr. Alexander Simson, o Sr. Fergusson,e outros: seria muito longo para fazer uma narração aqui de todos esses detalhes, e há muitos deles estupendos, que dar exemplo em alguns, pode parecer se esquecer dos outros. Mas se Deus me der a oportunidade, pensarei que vale a pena fazer uma coleção dessas coisas: enquanto isso, embora tais Profetas sejam extraordinários, e raramente sejam ressuscitados na Igreja, ainda assim tem sido: eu ouso dizer, não apenas nos tempos primitivos, mas entre os nossos primeiros Reformadores e muitos outros. E sobre o que as Escrituras nos ensinam sobre os tais profetas extraordinários. Se não, somente alguns irmãos profetas que aplicam as Escrituras, ou somente membros da Igreja dotados deste dom.
A Treatise of Miscellany Questions: WHEREIN MANY USEFULL QUESTIONS AND CASES OF CONSCIENCE ARE DISCUSSED AND RESOLVED: FOR THE SATISFACTION OF THOSE, WHO DESIRE NOTHING MORE, THEN TO SEARCH FOR AND FINDE OUT PRECIOUS TRUTHS, IN THE CONTROVERSIES OF THESE TIMES.by George Gillespie, late Minister at Edinburgh.
JOHN OWEN CONTRA O HIPERCESSACIONISMO DOS REFORMADOS MODERNOS
Segundo alguns, John Owen ao refutar os Quakers, que acreditavam em uma luz interior que diziam que era o testemunho do Espírito Santo descrito em Romanos 8:16, e fazendo isso negavam as Escrituras como fonte autoritativa, ele descreveu essa famosa frase: “Se as revelações privadas concordam com as escrituras, elas são DESNECESSÁRIAS, e se discordam, elas são falsas.”
Uma refutação ao continuísmo? Quantas vezes você já deve ter observado cessacionistas usando essa frase para “refutar” o continuísmo e sem citar a fonte? Muitas vezes não é mesmo? Pois sempre fiquei na dúvida sobre essa frase.
Que grande citação! Pausa para o microfone! Mas depois deparei-me com esta citação, que posso encontrar como fonte. Falando dos Quakers, “se as suas ‘revelações privadas’ concordam com as Escrituras, são desnecessárias, e se discordam, são falsas.” É isso, não é? Praticamente o texto exato. Um problema: não é Owen. Mas está lá perto. Na verdade, é J. I. Packer escrevendo sobre Owen, no livro A Quest for Godliness.
“Ele é rápido a lançar contra eles o velho dilema de que se as suas ‘revelações privadas’ concordam com as Escrituras, são desnecessárias, e se discordam, são falsas.” J. I. Packer, A Quest for Godliness: The Puritan Vision of the Christian Life (Crossway, 1994), 86.
Ele não está a citar Owen, está a resumi-lo. Ainda assim, é uma ótima citação, apesar de muitos cessacionistas tentarem fugir ao seu objetivo. Dito isto, aqui está uma citação real e fantástica de Owen que faz soar algumas notas semelhantes. É de:
“Desde a finalização do cânone da Escritura, a igreja não está sob essa conduta para ficar na necessidade de tais novas revelações extraordinárias. Ela, de fato, vive das operações internas graciosas do Espírito, capacitando-nos a entender, crer e obedecer à perfeita e completa revelação da vontade de Deus já feita; mas novas revelações ela não tem necessidade nem uso; -e supô-las, ou uma necessidade delas, não só derruba a perfeição da Escritura, mas também nos deixa incertos se sabemos tudo o que deve ser crido para a salvação, ou todo o nosso dever, ou quando podemos fazê-lo; pois seria nosso dever viver todos os nossos dias na expetativa de novas revelações, com as quais nem a paz, a segurança, nem a consolação são consistentes.” [John Owen, The Works of John Owen, ed. William H. Goold, vol. 4 (Edinburgh: T&T Clark, n.d.), 62]
Quando Owen diz que essas revelações privadas são desnecessárias, ele está refutando os Quakers que negavam a autoridade das Escrituras como fonte autoritativa até mesmo das supostas revelações. Ele está apenas nos dizendo que o que é necessário é a revelação escriturística, Owen considerava as escrituras suficiente, ou seja, ele não possuía nenhuma necessidade de revelações privada, mas ele NUNCA negou a possibilidade destas revelações ocorrerem. Isso é o CESSACIONISMO CLÁSSICO, as escrituras são suficientes, mas Deus ainda é e sempre será ONIPOTENTE, se Ele quiser fazer algo, ou revelar algo, Ele o fará, mas Ele sempre o fará de acordo com aquilo que Ele mesmo nos revelou em suas divinas escrituras. Como bem pontuou o próprio Owen: “O Espírito Santo não opera de qualquer outro modo senão por aquilo que nos mostra a Escritura.”
Garnet Howard Milne, do Capítulo 5, Profecia e os Teólogos de Westminster
Da Conclusão (p.289):
“Quando se tratava da cessação do dom de profecia do Novo Testamento, John Owen representava uma perspectiva comum entre os teólogos ingleses e escoceses, de que Deus ainda transmitia dons espirituais análogos aos dons miraculosos do Espírito. Assim, uma função profética continuou, embora não estivesse profetizando por revelação imediata ou inspiração divina e, portanto, não de uma maneira que ignorasse as Escrituras...”
“No entanto, enquanto os ortodoxos reformados na Assembleia provavelmente pretendiam permitir um lugar para pelo menos sonhos e ‘movimentos’ angélicos na providência, está claro que tais fenômenos eram considerados parte do processo de revelação ‘mediata’. A ortodoxia de Westminster não rejeitou o princípio de que Deus ainda poderia usar modalidades para falar de forma mediata e conceder revelações sobre questões de dever para com os piedosos ou para alertar sobre perigo iminente. Nesse sentido, a epistemologia religiosa de Westminster era de fato ‘continuacionista’. Os teólogos acreditavam que Deus ‘continuava’ a falar de maneiras surpreendentes e extraordinárias, embora não tão diretamente quanto nos tempos bíblicos. Eles raramente se consideravam em desvantagem em seu acesso à vontade de Deus para seus próprios dias em comparação com aqueles que viviam nos dias em que a revelação imediata ainda era dada, porque as Escrituras falavam não apenas para toda a vida, mas também para toda a história. Para cada providência, havia um princípio ou texto bíblico simultâneo para falar sobre ela, às vezes de forma clara e às vezes mais obscura, mas o ponto era que Deus não havia se esquecido de se dirigir ao seu povo em qualquer situação extrema.”
John Owen falando sobre o chamado final dos judeus:
“Quem ou quais instrumentos peculiares Deus usará e empregará para a recuperação final daquele povo miserável e perdido, se ele fará isso por um ministério ordinário ou extraordinário, por dons milagrosos ou pela eficácia nua do evangelho, é conhecido apenas em sua própria sabedoria e conselho sagrados.” Works, 4:440
John Owen também considera que os anjos ainda podem falar com os homens. Quando Owen comenta sobre Heb. 1:14, ele permite que os anjos ainda tenham uma função reveladora na igreja. Enquanto ele questiona até que ponto Deus continuará a usar as ministrações dos anjos, observando que isso é “difícil de determinar”,[1] ele conclui, no entanto:
Então dizer que Deus não pode ou não envia seus anjos a qualquer um de seus santos, para comunicar-lhes Sua mente a eles quanto a alguns detalhes de seu próprio dever, de acordo com Sua palavra ou lhes mostrar um pouco de Sua própria obra que se aproxima, parece, em meu julgamento, injustificadamente limitar o Santo de Israel.[2]
Obviamente, o desafio desse ponto de vista é explicar como alguém pode permitir revelações angélicas, que presumivelmente procedem da vontade de Deus (e que eram um dos modos anteriores de revelação), mas ainda negam que sejam revelações divinas ou imediatas.
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