(1) Revelação Profética
(2) Revelação especial apenas para os eleitos
(3) Revelação de alguns fatos para homens piedosos
(4) Revelação falsa e satânica
(1) Revelação profética é aquela difusão no espírito que o Espírito Santo faz no espírito e juízo do homem que escreve a santa escritura, seja profeta ou apóstolo e, isso por uma imediata inspiração da mente e vontade de Deus neles, seja por visões, sonhos, ou qualquer outra forma, sem os homens, ou a ministração ou ensino de homens, como ele fez com Isaías, Jeremias, Is 1.1; Jr 1.1 ou a Paulo Gl 1.1.
(2) Existe uma revelação interna especial, feita de coisas da escritura, aplicadas em particular às almas dos crentes eleitos, pela qual, tendo ouvido e aprendido a respeito do Pai, Jo 6.4; que se revela e se faz conhecido a eles; pelo Espírito de sabedoria e revelação, que é a esperança da vocação deles, e riquezas da glória da sua herança nos santos, Ef 1.17-19, e que revelou-se a eles, e que carne e sangue não podem revelar, mas o Pai de Cristo, Mt 16.17. E que o Pai revela aos pequeninos, mas esconde dos sábios e entendidos, Mt 11.25-26 (Samuel Rutherford, A Survey of Spiritual Antichrist (London, 1648), p.39-40).
(3) A terceira categoria de Rutherford da revelação interna de alguns fatos peculiares a homens piedosos:
Existe uma 3ª revelação de alguns homens em particular, que prenunciaram coisas que viriam a acontecer mesmo depois do encerramento do cânon da palavra, como John Huss, Wycliffe, Lutero que falaram sobre coisas que aconteceriam, e elas certamente sucederam. E, em nosso país, a Escócia, o Sr. George Wishart profetizou que o Cardeal Beaton não passaria vivo pelos portões do Castelo de St. Andrews, mas que ele sofreria uma morte vergonhosa, o que aconteceu. O Sr. Knox profetizou sobre o enforcamento do Lord of Grange. O Sr. John Davidson profetizou, conhecido por muitos do reino, diversos santos e torturados pregadores na Inglaterra fizeram o mesmo (Samuel Rutherford, A Survey of Spiritual Antichrist, 1648, p.42)
A posição de Rutherford é clara o bastante. Ele francamente afirma que a revelação extraordinária ocorreu mesmo após o fechamento do cânon.
Finalmente, Rutherford ataca o excesso e abuso dos heréticos de seus dias enquanto descreve sua quarta e final categoria de revelação interna – falsa e satânica revelação.
(4) Nenhum Familista ou Antinomianos – nem David George, ou H. Nicholas, nenhum homem daquele grupo, Randel ou Wheelwright, ou Den, ou qualquer outro – que eu tenha ouvido, sendo dedicado ao caminho familístico, nunca prenunciaram nada, mas uma quarta espécie de mentiras e falsas inspirações. A Sra. Hutchison disse que ela teria um miraculoso livramento no Tribunal de Boston tal qual Daniel teve dos leões, o que se provou falso. Becold profetizou da libertação da cidade de Munster que foi entregue aos seus inimigos, e ele e seus profetas torturados e enforcados. David George profetizou da sua própria ressurreição, o que nunca se cumpriu (Samuel Rutherford, A Survey of Spiritual Antichrist, 1648, p.42);
Rutherford agora se volta para o coração de nossa pergunta já que ele diferencia revelação extraordinária de alguns fatos peculiares a homens piedosos e falsas e satânicas revelações.
Agora em relação as diferenças entre a terceira e quarta revelação, eu digo que:
Estes dignos Reformadores não levaram nenhum homem a crer em suas profecias como escrituras. [Esta informação é primordial e deve ser mantida em todas as circunstâncias]. Devemos dar crédito as predições dos profetas e apóstolos, profetizando coisas que viriam a acontecer, como verdadeira palavra de Deus; eles [os reformadores] nunca consideraram a si mesmos como organismos imediatamente inspirada pelo Espírito Santo, como os profetas fazem, e Paulo fez, Rm 11, profetizando o chamado dos Judeus; Ap 1.10, e por todo o livro.
Ainda, eles nunca condenaram aqueles que não acreditaram em suas predições, desses fatos e eventos particulares, sendo esses fatos e eventos particulares, como os profetas e apóstolos fizeram. [Aqui Rutherford coloca essas predições em uma classe inferior do que o profetizar daqueles imediatamente inspirados pelo Espírito Santo. Os homens não são dados a acreditar neles, e nem são os homens que duvidam condenados ou disciplinados – elas não são uma regra obrigatória ou compulsória].
Mas a Sra. Hutchison disse (Levante, Reine, 61, art 27): Que suas particulares revelações sobre eventos futuros eram infalíveis como qualquer Escritura, e que ela é obrigada a crer nelas como Escritura, pois o mesmo Espírito Santo é o autor de ambos. Familistas tomam a palavra pregada como cartas ou o bom evangelho. Temos isso como carta e sã pregação, já que contempla ser: testemunhar Cristo e todas as suas promessas, do ouvir o bom evangelho que trabalha muitos anos após ter sido pregado; e a palavra pregada muito tempo atrás pode ser despertada por uma triste aflição, uma inspiração de Deus, e produz o trabalho da conversão, e ainda é a palavra da verdade na Escritura que produz fé e é a mesma semente que repousa muitos meses debaixo da terra e cresce e produz fruto. E sabemos que antinomianos rejeitam as Escrituras e constroem sobre as revelações internas, como suas compulsórias e obrigatórias regras.
Os eventos revelados às testemunhas piedosas e ouvintes de Cristo não são contrários a palavra. [Esta é outra regra invariável]. Mas Becold, John Mathie e John Schykerm (que matou seu irmão sem motivo) e outros entusiastas daquele assassinato pelo espírito de Satanás, que matou homens inocentes, expressamente contra o sexto mandamento, Não Matarás; e ensinou os Camponeses da Alemanha a se levantarem e a matar todos os magistrados, porque eram magistrados; sob o pretexto de incentivos e inspirações do Espírito Santo foram mobilizados contra a palavra de Deus. Todos os Reformadores piedosos previram o fim trágico dos proclamados inimigos do evangelho; nem iria o Sr. Wishart comandar ou aprovar que Norman e John Leslie devessem matar o Cardeal Beaton como fizeram.
Eles tinham um preceito geral junto com aquela maligna caçada ao homem perverso: só um inofensivo mistério, senão um extraordinário forte impulso, ou um espírito da Escritura a os guiar, os conduziu a aplicar um preceito geral de justiça divina, no que previam, a particulares homens ímpios, e eles mesmos sendo apenas preditores, não coparticipantes do ato.
[Rutherford define o tipo válido da revelação extraordinária como ‘um forte impulso’ ou ‘espírito da escritura guiando-os’. É notável que ele deixa claro e condena a ideia de que essas profecias são imediatamente inspiradas. Parece que Rutherford alega que o Espírito de Deus extraordinariamente exercita a intuição do homem e de predisposição Escritural a informá-lo dos eventos futuros fazendo o homem aplicar preceitos gerais de justiça divina, ao invés de comunicar essa informação diretamente por uma voz audível ou visão. A explicação de Rutherford é segura e plausível, mas por causa da natureza insondável da real dinâmica envolvida não é necessariamente conclusiva].
Eles [os Reformadores] eram homens sólidos na fé ao contrário do Papismo, Prelazia, Socianismo, entusiastas sem lei, Antinomiano, Arminianos, Arianismo e tudo o que é contra a sã doutrina. Disso sendo todos estes carentes, eles estão nesse quarto tipo de revelações, não podemos julgá-los exceto como de índole satânica. [Aqui uma outra regra geral é proposta. Aqueles que clamando à profecia, e sendo frágeis na doutrina e prática, definitivamente não devem ser considerados como sendo guiados pelo Espírito de Deus em suas predições – PRCE].
Eles não são puros e inofensivos; mas empurram homens para as sangrentas e perversas práticas proibidas por Deus. Embora Deus tenha ordenado a Abraão matar seu filho, testando sua obediência, Deus o conteve, e não o deixou agir como lhe pediu. Esses outros na verdade matam inocentes sob o pretexto do incentivo do Espírito.
Eles não tem nenhum preceito da Palavra para os apoiar, e se eles orientam homens a se abster da lei e testemunho é porque não há nenhuma luz neles, Is 8.20. Estas revelações são de homens de mentes podres e corrompidas, destituídos da verdade se opondo e sendo destrutivos à santificação. Eles afirmam que as Escrituras são imperfeitas, manca e um catálogo feito pelo homem, ao contrário do que dizem as Escrituras Sl 19.7-9; II Tm 3.15-16; Lc 16.30-31; João 20.30-31; At 26.22; Sl 119.105, etc
Então a escritura não deveria decidir todas as verdades controversas, e nem ser aquela pela qual encontramos a verdade e a regra que prova os espíritos, se são de Deus ou não, contrário a 1 João 4.1; 1 Ts 5.21; e contrário ao exemplo dos nobres Bereanos que provaram a doutrina de Paulo pelas escrituras, At 17.11.
O emocionante toque de Cristo ao coração, agradáveis alentos do fôlego de Deus em sua Palavra; o toque do diabo é um estúpido toque e sem vida, sendo destituído da palavra da verdade. Os homens agem de acordo com seus próprios espíritos, e andam na luz de sua vontade, não havendo fim dos pecados e errantes de Deus quando agem sob nenhum conhecido preceito da palavra
(Samuel Rutherford, A Survey of Spiritual Antichrist, London, 1648, p. 43,44).
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